top of page

Queda da inflação é ‘insuficiente’ e Copom deve ter cautela sobre juros, avalia XP

  • Foto do escritor: Neriel Lopez
    Neriel Lopez
  • há 19 horas
  • 3 min de leitura

ree

Embora a inflação do Brasil esteja em queda, o quadro geral ainda demanda cautela do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulgará a decisão sobre os juros do país nesta quarta-feira (10). Para a XP, a inflação está em queda, mas o risco persiste. Por isso, o Copom deverá manter a Selic em 15% e iniciar o ciclo de cortes só em março, chegando a 12% ao fim de 2026.

Em relatório, os economistas da XP Caio Megale, Rodolfo Margato e Alexandre Maluf afirmam que, embora o cenário inflacionário tenha apresentado evolução, o ritmo dessa melhora é “mais gradual e menos intenso do que o esperado”.


Inflação cede, mas riscos persistem

De acordo com a análise macroeconômica da XP, os dados divulgados desde a última reunião do Copom foram “marginalmente favoráveis”.

O relatório destaca a inflação corrente em trajetória de queda, com os núcleos — que excluem os itens mais voláteis — rodando próximos à meta pela primeira vez em muitos meses. Além disso, cita também a inflação ao produtor (medida pelo IPA-FGV), que retornou ao território negativo, impulsionada pela queda nos preços dos alimentos.

A taxa de câmbio para o dólar também recuou, de R$ 5,40 para R$ 5,35, considerando cotação média dos últimos dez dias.

Além disso, os indicadores de atividade que captam a produção industrial, as vendas no varejo, e as receitas de serviços apresentam uma desaceleração gradual, especialmente nas áreas mais sensíveis ao crédito. Tanto que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre veio praticamente estável em relação ao trimestre anterior, considerando o ajuste sazonal.

Outro dado é a cotação das commodities que recuaram desde a última reunião do Copom, especialmente alimentos e petróleo – o que é um sinal benigno para o IPCA, desde que a taxa de câmbio se estabilize.

Parece tudo muito bom, certo? Mas este cenário, aparentemente benigno, esconde riscos que impedem um corte de juros imediato, segundo a XP. E, entre estes riscos, está a política fiscal expansionista, com maiores gastos do governo.


Política fiscal expansionista e a inflação

Para os economistas da XP, é importante considerar que a política fiscal expansionista dos governos federal e estaduais, em um ano eleitoral, pode pressionar a inflação. Assim, essa eventual reaceleração do crescimento doméstico poderia limitar o ciclo de cortes esperado para 2026.

A expectativa da XP é que o Copom mantenha a taxa de juros no patamar atual por mais algum tempo, abandonando aos poucos a indicação de mantê-la assim por período “bastante prolongado”.


Comunicado

Para a XP, o Copom deverá sinalizar amanhã que este ainda não é o momento para flexibilizar os juros.

 “Em suas comunicações oficiais (atas, discursos públicos), os membros do Copom têm argumentado que o cenário inflacionário melhorou, porém de forma mais gradual e menos intensa do que o esperado. A nosso ver, o comunicado pós-decisão desta semana transmitirá uma mensagem semelhante”, dizem os economistas. Para eles, o Copom deve sinalizar que ficará “dependente de dados”, mas não tanto a ponto de iniciar o corte logo em janeiro.

“Como as expectativas inflacionárias seguem distantes da meta e o mercado de trabalho continua aquecido, acreditamos que o Copom concluirá que ainda é cedo para migrar para um modo totalmente dependente de dados, o que deixaria a reunião de janeiro muito aberta”, concluem.


Ciclo de cortes em março

Diante deste cenário, a XP projeta que o início do ciclo de cortes virá em março, apesar do risco de o Copom antecipar a decisão para janeiro.

No cenário-base da XP, os cortes começariam em 0,50 pontos percentuais, acumulando seis cortes consecutivos até atingir 12% ao fim do ciclo.


Reuniões do Copom e projeção da Selic, segundo a XP

Datas das reuniões Decisão Projeção da Selic

27 e 28 de janeiro manutenção 15%

17 e 18 de março corte de 0,50 p.p. 14,50%

28 e 29 de abril corte de 0,50 p.p. 14%

16 e 17 de junho corte de 0,50 p.p. 13,50%

4 e 5 de agosto corte de 0,50 p.p. 13%

15 e 16 de setembro corte de 0,50 p.p. 12,50%

3 e 4 de novembro corte de 0,50 p.p. 12%

8 e 9 de dezembro manutenção 12%

Fonte: XP

Apesar do início do ciclo de cortes, ter uma taxa básica de juro em 12% ainda é considerado bastante restritivo, porque encarece o crédito e torna os investimentos mais difíceis.

Segundo a XP, para que os juros básicos se aproximem do nível neutro – estimado em torno de 5,5% em termos reais – serão necessárias “reformas que reduzam o ritmo de crescimento das despesas públicas”, dizem os economistas.

 
 
 

Comentários


bottom of page