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Petrobras: bons resultados e dividendos no 3T, mas “capex” em alta gera preocupação

  • Foto do escritor: Neriel Lopez
    Neriel Lopez
  • há 3 horas
  • 4 min de leitura

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A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou resultado do terceiro trimestre de 2025 (3T25) e dividendos de R$ 12,2 bilhões (cerca de US$ 2,3 bilhões) na noite da última quinta-feira (6).

As expectativas para os resultados, aponta a XP Investimentos, eram elevadas, considerando a queda nos preços do petróleo, o fluxo de caixa decepcionante no 2T25 e a expectativa em torno do novo plano estratégico.

“Ainda assim, a Petrobras entregou resultados acima do esperado”, aponta a equipe de análise. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado totalizou US$ 11,95 bilhões (+17% trimestre a trimestre), superando as estimativas da casa e as do consenso em 5%”, apontam Regis Cardoso e João Rodrigues, analistas da XP. O lucro líquido foi de aproximadamente US$ 6,1 bilhões, 37% acima da estimativa da XP.

Para o Morgan Stanley, os resultados operacionais foram fortes, impulsionados pelo crescimento da produção, e levaram a um aumento sequencial do FCF (fluxo de caixa livre) para US$ 2 bilhões (após arrendamentos), em comparação com os US$ 800 milhões do 2T25.

A Genial Investimentos ressalta o resultado operacional e financeiro robusto no 3T25, com expansão de margens, forte geração de caixa e execução acelerada de projetos estratégicos. A receita líquida consolidada somou R$ 127,9 bilhões, avanço de 7,4% trimestralmente, impulsionada pelo aumento de 8% na produção total e exportações recordes de 814 kbpd (mil barris por dia), que compensaram parcialmente o Brent ainda em patamar moderado após um trimestre marcado por grande volatilidade no preço da commodity.


Capex e dividendos

Por outro lado, a XP aponta que o principal ponto de atenção foi o aumento do capex. Os investimentos reportados foram de US$ 5,5 bilhões (versus US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões nos últimos trimestres e alta de 24% ante o 2T25), impulsionados principalmente por projetos de desenvolvimento do pré-sal. Com isso, elevou o gasto acumulado no ano para US$ 14 bilhões, de um orçamento anual de US$ 18,5 bilhões.

Apesar disso, a Petrobras atendeu às expectativas elevadas de geração de FCFE (fluxo de caixa livre ao acionista) e anunciou distribuição de dividendos de cerca de US$ 2,3 bilhões (yield de 3%).

O Goldman Sachs, embora reconheça que os dividendos anunciados no trimestre (principal foco dos investidores) ficaram essencialmente em linha com o que o mercado esperava, apontou que o resultado acima do esperado no Ebitda ajustado e no fluxo de caixa operacional foi compensado pelo capex em caixa maior do que o previsto no trimestre.

“Buscaremos entender melhor, durante a teleconferência de resultados, quais foram os principais fatores que impulsionaram a aceleração sequencial do capex no 3º trimestre (incluindo se houve outra expectativa de investimentos, como ocorreu no 4º trimestre de 2024) e as implicações para o capex no 4º trimestre”, avalia o Goldman. O banco americano também espera ouvir os comentários da administração sobre o novo plano estratégico da Petrobras, com projeção de ser divulgado em 27 de novembro.

O Bradesco BBI acredita que o capex pode ofuscar os fortes resultados operacionais, já que se manteve persistentemente alto ao longo do ano e aumentou ainda mais dias antes da apresentação da atualização estratégica da empresa. “Talvez a empresa devesse abordar melhor a inflação da cadeia de suprimentos nos negócios offshore”, avalia.

A Genial também ressalta que, apesar do resultado operacional acima das estimativas, o fluxo de caixa livre foi pressionado pelo maior volume de investimentos no trimestre – ainda que maior parte dos volumes estejam sendo alocados no melhor segmento de negócio que a empresa pode atuar (Exploração & Produção).

A casa de análise também ressalta que resta aguardar o Planejamento Estratégico 2026-2030. “Vale lembrar que no trimestre passado a empresa oficializou via fato relevante o interesse em ingressar no segmento de distribuição. Sendo assim, apesar do recorde recente de produção e sólidos resultados, fortes emoções não devem ser descartadas até o dia do evento em si”, aponta a casa de análise.

O Itaú BBA aponta que os resultados operacionais mais robustos e a melhoria na eficiência fiscal compensaram o aumento das despesas de capital, e os dividendos ordinários ficaram em linha com a sua previsão, em US$ 2,2 bilhões (rendimento de 3,0%).

“Ainda assim, considerando que a execução das despesas de capital tem sido um tema central em nossas recentes conversas com investidores, acreditamos que o mercado provavelmente reagirá negativamente ao aumento dos gastos, ofuscando o resultado operacional positivo. Isso é particularmente relevante, visto que a aceleração das despesas de capital no segundo semestre de 2025 pode gerar preocupações sobre a capacidade da empresa de cumprir os esforços de otimização de capital previstos no Plano Estratégico”, avalia o BBA.

O BBI, por sua vez, não acredita que o plano seja um catalisador significativo. “Além de uma curva de produção mais forte, esperamos poucas mudanças na perspectiva de capex”, reforça.

Para o BTG Pactual, o trimestre reforçou como a dinâmica operacional da Petrobras continua a se traduzir em fluxo de caixa e dividendos, mesmo em um ambiente de preços de petróleo menores. Ainda assim, a dívida líquida subiu para US$ 59 bilhões e, combinada com um preço de brent mais baixo, limita a flexibilidade. “Mantemos nossa visão de que a prioridade da gestão segue sendo preservar os dividendos ordinários, mesmo à custa de uma alavancagem temporariamente maior. Sob a atual combinação de capex crescente e brent menor, dividendos extraordinários permanecem improváveis”, aponta.

BBA, JPMorgan, Goldman Sachs seguem com recomendação de compra ou equivalente para os ativos da estatal, enquanto a Genial possui recomendação de manutenção para os papéis.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para os ativos, mas faz ponderações. O banco prevê uma deterioração dos dividendos nos próximos trimestres devido à atividade de fusões e aquisições (leilão de exploração e produção + avaliação de investimentos e etanol de milho), com o rendimento de 2026 previsto para cair para 8% (de 10% em 2025). Ainda assim, acredita que a empresa continua subvalorizada.

 
 
 

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