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Mercado de trabalho caminha para “lenta” estabilidade, diz economista do FGV/Ibre

  • Foto do escritor: Neriel Lopez
    Neriel Lopez
  • 16 de set.
  • 3 min de leitura

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O mercado de trabalho está caminhando para uma lenta, mas consistente, desaceleração na criação de vagas. Segundo o economista Daniel Duque, pesquisador associado do FGV/Ibre, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgados nesta terça-feira (16), apontam uma força de trabalho abaixo da tendência de alta, o que seria um efeito do juro alto, da redução de produção de algumas indústrias penalizadas pelo tarifaço, e da redução de gastos públicos.

“Em termos de aumento da população ocupada formal, a gente tem visto uma lenta, mas consistente desaceleração. Ainda estamos no cenário positivo, mas como a PNAD Contínua é medida em trimestre móvel, significa que estamos vendo dados de julho, junho e maio. É um indicador que demora para mudar. Isso mostra que o mercado de trabalho ainda está no campo positivo, mas parecendo caminhar para momento de maior estabilidade, com tendência de parar de melhorar”, afirma Daniel Duque.


O que isso mostra do andamento da economia?

Segundo Duque, os dados ainda não estão mostrando nada que faça o Banco Central (BC) reverter a tendência de aperto monetário. “No entanto, indicam que depois de muito tempo, de fato, os juros estão tendo algum efeito sobre o mercado de trabalho para aliviar a inflação de serviços”, explica.

Nesta quarta-feira (17), o BC deve anunciar a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15%.

Esse aperto ocorre porque a economia ainda está aquecida, com dados recordes de emprego e renda. Na avaliação de Duque, isso ocorre porque as políticas fiscais do governo vão no sentido contrário à política monetária, causando uma disputa de forças – uma pressiona a inflação para cima, outra tenta segurar a alta.

“Por que isso acontecia de fato? Porque a gente estava com a economia muito aquecida por políticas fiscais do governo indo no sentido contrário à política monetária, com aumento de transferências, obras públicas, crédito. O que está acontecendo agora é que devido ao cenário de maior esforço do governo de reduzir gastos e o choque de tarifas que afetam emprego em algumas indústrias, agora sim estamos vendo um cenário caminhando para o campo benigno em termos inflacionários”, diz o economista.


Taxa de desocupação recorde

Os dados da Pnad Contínua apontam uma desocupação de 5,6% no trimestre encerrado em julho, a menor taxa para a série histórica, iniciada em 2012. No trimestre móvel anterior, a taxa foi de 6,6% e no mesmo período do ano passado, foi de 6,9%.

A população ocupada também cresceu e somou 102,4 milhões de pessoas, outro recorde da série histórica. O rendimento real habitual de todos os trabalhos ficou em R$ 3.484, mais um recorde, crescendo nas duas comparações: 1,3% no trimestre e 3,8% no ano.

O número de trabalhadores por conta própria atingiu um recorde de 25,9 milhões de pessoas, e a taxa de informalidade ficou em 37,8% da população ocupada, estável em relação aos 38% do trimestre anterior e 38,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

O indicador de população subocupada por insuficiência de horas ficou estável no trimestre, chegando a 4,6 milhões de pessoas.


População fora da força de trabalho

A população fora da força de trabalho somou 65,6 milhões, também mantendo a estabilidade, segundo o IBGE.

Segundo Duque, esta variável indica que não houve avanços comparado ao cenário pré-pandemia. “Todas as outras variáveis, como renda, formalidade, ocupação, tudo está melhor do que o período pré-pandemia, menos esta variável, o que demonstra que essas pessoas não voltaram ao mercado de trabalho”, afirma.

O risco, avalia, Duque, é essas pessoas terem saído do mercado de trabalho permanentemente, o que impactaria na perda de capacidade de produção da economia.

 
 
 

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