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Disposição de Trump em negociar é “gesto importante” na avaliação de especialistas

  • Foto do escritor: Neriel Lopez
    Neriel Lopez
  • 24 de set.
  • 3 min de leitura

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O diplomata Rubens Barbosa, que foi embaixador em Washington e Londres, avaliou de forma positiva o fato de o presidente americano Donald Trump ter mencionado o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso na ONU: foi uma sinalização de abertura importante para a negociação.

Barbosa, que sempre defendeu o encontro entre os dois, disse que, agora, o Presidente Lula fica numa situação de ter que esta conversa com Trump. Em sua análise, provavelmente, será uma conversa telefônica. “Vai ser importante para desbloquear problemas comerciais que ainda estão pendentes nesta conversa entre os dois presidentes”, afirma.

Segundo o Embaixador, o Lula, de certa forma, convidou Trump para a conversa. “Foi muito positivo do ponto de vista das empresas brasileiras, foi um gesto importante e deve ter impacto na negociação comercial”, afirma.

Para Barbosa, a conversa entre os mandatários deve ser ‘civilizada’. “Dependendo do tom da conversa, é possível um acordo que favoreça produtos brasileiros, como o café por exemplo. Tem interesses americanos que também podem ser atendidos. E pode ser muito positivo para a indústria brasileira”, destaca.

Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Eduardo Mello, além de positivas, as declarações de Trump pegaram completamente de surpresa a comitiva brasileira. “Suspeito que o Trump sempre tem essa estratégia de negociação, de criar uma situação horrível e depois sentar na mesa para conseguir um acordo melhor, barganhando para sair daquela situação horrível que ele mesmo acabou de criar”, avalia.

Mello avalia que os americanos esperavam que em algum momento o Lula fosse pedir uma reunião e isso não aconteceu. “O Lula, corretamente, percebeu a estratégia do Trump, que forçou a Europa e o Japão a negociar, por exemplo. Só que o Lula não tem problema de segurança internacional e resolveu esperar”, analisa.

Segundo Mello, o Brasil não depende da proteção americana e já tem uma economia relativamente fechada, que não é tão dependente do comércio internacional, como o Japão por exemplo.

Mello acredita que o Brasil tem uma vantagem e já mostrou isso, de estar disposto a aceitar o status quo, ou seja, as tarifas impostas. Segundo o especialista, de certa forma a estratégia de Lula funcionou. Então, se ele não gostar dos termos do Trump, pode simplesmente deixar a negociação.

“Lula não abaixou a cabeça, não foi atrás. E ele viu que quem fez isso se deu mal,” afirmou citando também o exemplo Índia. “Os dois, Brasil e Estados Unidos, perceberam que é possível negociar. Ainda não sabemos como vai ser a negociação, mas, hoje, dá para dizer, que de certa forma o Lula saiu vitorioso”, acrescentou.

“A gente não sabe se tem alguma outra variável que vai surgir, mas com o que a gente sabe a essa hora, acho que foi uma pequena vitória para o Lula e para o governo brasileiro”, avalia


Lula e Trump devem conversar por telefone ou videoconferência, diz chanceler


O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira (23) que a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ocorrer por meio de um telefonema ou videoconferência. Segundo Vieira, um encontro presencial não será possível devido à agenda apertada do presidente brasileiro.

“Espero que o presidente Lula e o presidente Trump possam conversar. O presidente Lula está sempre disposto a dialogar com qualquer chefe de Estado que seja do interesse do Brasil. Essa conversa pode acontecer por telefone ou videoconferência, pois, infelizmente, o presidente está muito ocupado e tem uma agenda muito cheia, então talvez não seja possível um encontro pessoal”, afirmou Mauro Vieira em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional.

O chefe do Itamaraty destacou que o Brasil está aberto a negociar questões relacionadas à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, mas ressaltou que a “soberania e a independência dos Poderes brasileiros” não estão em negociação. “O Brasil é um país de negociação e estamos sempre prontos para dialogar”, afirmou.

Após o discurso de Lula na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, os dois presidentes concordaram em conversar na próxima semana. Segundo fontes ligadas à Presidência, a saudação entre eles foi mútua, mas teria sido o presidente americano quem tomou a iniciativa de cumprimentar o chefe do Executivo brasileiro.

 
 
 

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