FMI: economia mundial perderá R$ 64,4 trilhões com a pandemia
- Neriel Lopez
- 12 de mai. de 2022
- 3 min de leitura

Passados pouco mais de dois anos desde que o diretor-geral da OMS (Organização
Mundial de Saúde), Tedros Adhanom, anunciou o estado de pandemia de Covid-19, o mundo já perdeu 6,2 milhões de vidas no mundo - 662 mil apenas no Brasil,
segundo dados da Our World In Data e JHU CSSE COVID-19 Data.
Além da perda de vidas humanas, o prejuízo acumulado para a economia mundial
devido à crise sanitária será de US$ 13,8 trilhões (R$ 64,4 trilhões) até 2024,
conforme estimativa que integra o Panorama da Economia Mundial 2022. O
documento anual é coordenado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo
Banco Mundial e faz parte do estudo “Uma estratégia global para gerenciar os riscos
de longo prazo da covid-19”, divulgado na primeira semana de abril.
O trabalho chama a atenção para a necessidade de mais investimentos nos
mecanismos mundiais de combate à pandemia e sinaliza o perigo do surgimento de
novas variantes, com potencial de transmissão e letalidade ainda maior. A análise
contou com a participação de outras três organizações: Cepi (Coalizão para a
Inovação no Preparo para Epidemia), The Global Fund e a Fundação Wellcome.
Ligia de Mesquita Polido, consultora especialista em economia e finanças, destaca
que o crescimento global tem apresentado uma melhora gradual conforme a
recuperação dos Estados Unidos vem ganhando força, dia após dia. E isso se dá
apesar das incertezas trazidas pela guerra na Ucrânia.
“Não havia como prever a reação das economias frente ao impacto da Covid-19.
Enfim, o que teria de oferta regular e oferta afetada? Por conta disso, as oscilações
foram ocorrendo, o que não se observou no real em relação ao dólar, de forma
significativa, nos últimos anos”, afirma. “Apesar de fatores internos contribuírem para
isso, o maior peso ainda é da pandemia e suas consequências”.
“De um lado, temos a taxa de juros, que passa por um dos mais intensos ciclos de
alta em meio a uma inflação elevada. Em tese, uma Selic alta atrai mais investimentos
estrangeiros, já que o rendimento dos títulos do Tesouro é atrelado a ela, o que
aumenta a entrada de dólar e valoriza o real”, explica.
Na visão de Mesquita, esse cenário vem trazendo uma perspectiva mais otimista para
o segundo semestre de 2022. A expectativa de alta de exportação com commodities
também favorece o câmbio, já que há mais entrada de dólar. A expectativa de queda
da inflação é, ainda, um ponto positivo nesse contexto.
“Diante do cenário atual, a realidade exige cautela em todos os âmbitos e traz
consigo fortes problemáticas socioeconômicas - além de todas as preocupações
ligadas à saúde dos indivíduos, com a existência de novas variantes”, reflete.
Brasil deve encarar caminho de recuperação
A especialista em economia e finanças observa que os empreendedores e gestores
brasileiros já passaram por diversas crises internas e externas. “Os países com
economia estável e eficaz conseguem responder em pouco tempo a fatores
negativos, mas países com mais fragilidades demoram para se recuperar e voltar ao
status anterior à crise”, explica. “O governo e as políticas econômicas implementadas
contribuem para influenciar o desempenho econômico, porém depende se as
mesmas são utilizadas nas ações mais propícias para aquele momento”.
Mesquita destaca que, diante de uma crise inédita, não há um “manual pronto”:
devem ser utilizadas boas práticas com quem está vivendo o mesmo desafio, que é
de escala global. “Isto é algo que deve ser revisto todos os dias, porque as ações
são implementadas diariamente, conforme a mudança de cenário, uma vez que,
todos os dias, novas decisões tomadas impactarão a vida de milhares de pessoas,
a exemplo da atual crise dos combustíveis”.
“Para seguir em frente, não será suficiente esperar que as coisas voltem
‘ao normal’. O caminho a seguir requer equilibrar a construção de resiliência, bem
como estar pronto para novas oportunidades empresariais, pois não podemos nos
esquecer de que, através do tempo, inúmeros países já transitaram em períodos de
crises, longos ou curtos, independentes de natureza ou extensão”.














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